Entrevistas

Antes de mais, os Amigos FC querem agradecer a tua disponibilidade para este pequeno espaço e esperamos que muita gente possa conhecer o verdadeiro capitão, assim como a equipa. Pelas tuas palavras, explica-nos como surgiram os Amigos FC e o porquê deste nome para a equipa?

 

Apresentação: A partir de hoje, iremos dar abertura a um novo capítulo da história dos Amigos FC. Vamos dar início a uma série de entrevistas de forma a conhecermos melhor o Universo desta equipa. Não poderíamos deixar de começar esta ronda por uma das pessoas mais influentes da equipa e com toda a certeza, uma das pessoas mais importantes no panorama do futsal Amador. Nem mais nem menos do que... o capitão Pedro Nuno.

O capitão Pedro Nuno é uma figura ligada aos bons e maus momentos dos Amigos FC. Uma vez, é um factor destabilizador por exemplo com os seus golos e liderança. Como em algumas vezes, é um factor polémico por exemplo em episódios de "confrontos" entre jogadores. Que a entrevista comece e seja recheada de polémica...

 

 

 

Pedro Nuno: Em 1º lugar quero agradecer as palavras elogiosas e dizer que para mim é um enorme prazer falar dos AMIGOS FC e uma honra por ser o 1º entrevistado. Este projecto na realidade começou em 1997, quando um amigo me convidou para ir jogar futsal em Gaia. Foi através desse amigo (Duarte) que conheci o nosso estimado presidente Nuno Cardoso. Lembro-me que jogamos esse jogo á chuva, pois era num ringue, e que ficou 10-10!! Foi aí que de uma forma “oficiosa” marquei os meus primeiros golos (3). Essa equipa foi a génese do que viria a ser os AMIGOS FC. Como gostamos da experiência de jogar juntos, falou-se logo nesse dia que deveríamos continuar a jogar. Essa ideia foi sendo alimentada nos dias que se seguiram. Até que num dia á noite no restaurante dos meus pais estava eu e o Duarte (um dos fundadores) e decidimos avançar com a ideia de criar uma equipa e logo ali criar um nome. Esse dia tornou-se assim a data oficial no nascimento dos AMIGOS FUTSAL CLUBE. (15-01-1998). Lembro-me que um dos nomes que falamos e isto a titulo de curiosidade, foi REAL 06 FC, porque fomos 6 os fundadores. Mas na realidade o 1º nome oficial foi AMIGOS FUTEBOL CLUBE, mas alguns anos depois decidimos mudar para AMIGOS FUTSAL CLUBE, por motivos óbvios. A origem deste nome não é difícil de descortinar, visto que foi um grupo de 6 amigos os fundadores deste enorme clube. 

Inicialmente, deduzimos que a média de idades dos jogadores fosse muito baixo. Aliás, a média devia ser tão baixa que nenhum jogador deveria ter carro ou até mesmo carta de condução. Consegue-nos explicar a "aventura" que era organizar as deslocações dos jogadores para os jogos/treinos?

 

P. N.: É uma boa pergunta. Nós começamos por treinar num ringue, o Nun ‘Alvares no Amial e como morávamos todos relativamente perto uns dos outros, combinávamos todos num sitio e íamos de autocarro para os treinos e jogos. Lembro-me que apanhávamos o autocarro na Trindade e que depois dos treinos íamos quase sempre repor energias á Mcdonalds da praça e vínhamos a pé para casa. Algum tempo depois o nosso presidente (como não poderia deixar de ser!), lá arranjou o famoso Citroen AX e chegamos a ir 7 pessoas dentro do  Citroen! Era um luxo! Há uma historia engraçada relativamente ao Citroen e que só á poucos anos é que o Nuno decidiu “enterrar” esse episódio. Passo a contar: Houve uma altura em que ele teve de mudar os amortecedores do carro e quase que nos obrigou a pagar essa mudança pois não se cansava de dizer que a culpa dos amortecedores terem de ser mudados era nossa e sempre que podia atirava a historia dos amortecedores “á cara”, mas claro que nunca nenhum de nós ligou ás lamentações dele…

O segundo artista a ter carro foi o André Machado e depois fui eu com um velhinho Renault 11. Foi a partir deste momento que deixamos os bons tempos de andar de transportes públicos e começaram as famosas boleias. Foi a partir deste momento que partimos rumo á internacionalização, pois já nos permitia ir jogar um bocadinho mais longe!

Da equipa que fundou os Amigos FC, qual o elemento que tens alguma tristeza por actualmente não fazer parte do plantel?

 

P. N.: Felizmente, dos 6 jogadores fundadores 3 continuam activos no clube e 1 apesar de não jogar connosco continua a fazer parte do nosso círculo de amizade (André Machado). Os 2 que aqui faltam saíram cedo do clube, mas quem deixou mais marcas foi decididamente o André Barbosa. Ninguém, tirando os fundadores, que está actualmente nos AMIGOS FC, teve o prazer de o conhecer, mas posso afirmar a quem for ler esta entrevista, que com ele o balneário teria outra vida, porque simplesmente ele era o palhaço de serviço e não digo isto de uma forma depreciativa mas sim com todo o carinho, pois ele só estava bem a mandar bitaites, a fazer brincadeiras e mesmo nas derrotas estava sempre na tanga! O Duarte também marcou uma era no nosso clube mas a saída dele foi muito precoce. Ambos saíram por livre vontade sendo que a saída do Duarte se deveu a divergências comigo e com o Nuno. Portanto acho que é injusto nomear um dos 2, visto que ambos fazem parte da história no nosso clube e terão para sempre lugar de destaque nesta mesma história.

A partir de que altura, os Amigos FC decidiram dar o salto para o Futsal Amador (mais conhecido como FFA). Podes explicar-nos como surgiu essa oportunidade e quem é que tomou a iniciativa?

 

P. N.: Este salto para o FFA é mérito total do Nuno, pois foi ele numa pesquisa na internet que descobriu o FFA. Penso que foi em Agosto de 2004 (ele que me corrija se estiver errado) que ele descobriu o FFA. Depois de uma conversa comigo e perguntar o que achava se tentássemos inscrever-nos no FFA eu disse logo que sim, visto que na altura estávamos com pouca competição. Aliás, acho que na altura estávamos num torneio em Gaia mas abandonamos a meio, pois o ambiente nesse mesmo torneio não era o melhor nem se enquadrava naquilo que era a nossa postura. Na altura o FFA também era bastante recente e quando nos inscrevemos existiriam no máximo 17/18 equipas inscritas. Após estabelecer-mos contactos com algumas equipas surgiu o nosso primeiro jogo FFA contra aquele que iria ser um dos nosso grandes rivais, o Portus87. Penso que perdemos esse jogo por 4-0. Este momento marca decididamente aquele que para mim marca um renascer dos AMIGOS FC como equipa. Pode-se dizer que havia um AMIGOS FC antes FFA e um AMIGOS FC depois FFA. A entrada no FFA torna-se assim para nós num salto competitivo tremendo, com jogos atrás de jogos e a participação nos mais variados torneios. Foi nesta fase que ganhamos o nosso primeiro torneio e que começamos a ser conhecidos e a ganhar o respeito que ainda hoje temos no meio do Futsal Amador. Pessoalmente, depois da entrada no FFA, fez-me crescer como jogador e como homem e permitiu-me conhecer pessoas fantásticas da qual hoje posso dizer com um enorme orgulho que são meus amigos. Não vou dizer aqui os nomes porque são muitos, mas eles sabem quem são. Este renascimento competitivo no FFA deve-se sem dúvida á perseverança do Nuno em encontrar na altura um rumo para nós enquanto equipa, pois muito honestamente, se não se desse a entrada no FFA talvez hoje eu não estivesse aqui a fazer esta entrevista e nisso o mérito é todo do Nuno.


 

Nos primórdios do FFA, os Amigos FC foram vanguardistas e inovadores com a criação da Mini-Liga. De início, tiveram muitos entraves na criação da Liga ou foi algo que surgiu naturalmente?

P. N.: A criação da Mini-Liga surgiu naturalmente e não muito tempo depois da nossa entrada no FFA. Como disse anteriormente a nossa entrada no FFA fez-nos dar um salto competitivo muito grande em que tínhamos um ritmo de jogos alucinante, mas não deixavam de ser jogos amigáveis ou jogos-treino conforme prefiram. Até que em conjunto com mais 3 equipas (Juventude Unida, Reforços de Inverno e AS4H) decidimos criar uma Liga sem grandes preocupações a nível de arbitragens, inscrições ou tudo o que esteja relacionado com a realização de uma liga. Não existiam estas preocupações pois a amizade e o fair-play existentes entre estas 4 equipas era do melhor que se pode desejar e a vontade era só jogar e divertir. Tudo era igual ao que sempre foi só que a criação da Mini-Liga foi uma forma de motivar as equipas a lutarem por algo e terem o prazer de chegar ao fim e levar um troféu. E para a história ficamos como os primeiros campeões da Mini-Liga sem derrotas e onde fui o melhor marcador da competição, assim como das 2 edições seguintes. A Mini-Liga foi crescendo de época para época até se tornar na principal liga da cidade do Porto, assim como a liga onde todas as equipas queriam participar, no entanto e infelizmente fomos vitimas do próprio sucesso e os problemas foram surgindo e começou a perder-se a magia que existia dentro da liga ao ponto de haver equipas que se recusavam a jogar entre si. Isso para nós tornou-se insustentável e decidimos á 2 épocas atrás fazer a candidatura á LIGA SUPERFUTSAL, na qual fomos aceites por unanimidade, talvez devido ao respeito que temos dentro da comunidade e á nossa postura dentro de campo e logo na 2ª época de competição já temos um elemento como administrador da Liga (Nuno Cardoso). No entanto é com muita pena que vemos a Mini-Liga a morrer pouco a pouco e a tornar-se apenas uma recordação. Mas será sempre algo de que teremos muito mas mesmo muito orgulho e que faz parte de um grande pedaço, senão o maior, da nossa história.

Anteriormente referiste a amizade e o fair-play, como porventura as maiorias recordações que tens da Mini-Liga. A ter ver, e para além do que referiste, quais foram as causas que contribuíram para a saída dos Amigos FC da Mini-Liga? Ou melhor, quais as razões que contribuíram para a quebra dos valores iniciais da Mini-Liga?

 

P. N.: Ora bem…pergunta difícil…penso e como já referi anteriormente a Mini-liga sofreu com o seu próprio sucesso, isto é, pretendia-se uma liga que fosse o mais informal possível, mas com o crescimento da liga em número de equipas e consequentemente com o crescimento do número de pessoas começou de uma forma gradual a existência de “choques” de personalidades. Começou por haver “guerrinhas” entre jogadores, como por exemplo, num jogo determinado jogador andava “picado” com outro e em vez de ficar tudo bem no fim desse jogo a picardia tinha seguimento no jogo seguinte entre essas duas equipas e esta situação foi-se empolando em várias equipas e em vários elementos. Existia uma paz podre entre algumas equipas. Depois houve outras situações que criaram muito mau estar entre equipas, situações essas provocadas por falta de regulamentação da liga e posso dar um exemplo: penso que foi na última ou penúltima edição da Mini-liga que estivemos presentes. A certa altura decidimos criar a liga gold e silver em que as seis primeiras equipas disputavam a serie gold e as restantes seis a serie silver. Esta foi uma medida para manter a motivação das equipas em se manter na luta por um prémio e vencer uma das ligas. Na ultima jornada da serie silver iam jogar as duas primeiras classificadas e quem vencesse o jogo seria o campeão da serie silver (não vou citar quais as equipas). Acontece que uma das equipas e aproveitando a ausência de regulamentação decidiu ir a jogo com dois jogadores federados e com bastante qualidade que nunca tinham jogado por essa equipa. Como tal venceram o jogo e foram os campeões. Esta atitude e apesar de legalmente nada terem feito de mal foi uma atitude moralmente reprovável. Como esta situação houve muitas mais que desvirtuaram tudo aquilo que queríamos que a mini-liga fosse e como tal a magia e as terceiras partes foram cada vez menos usuais chegando mesmo ao ponto de haver equipas que se recusavam a jogar entre si. Foram basicamente estas as razões pelas quais se perderam os valores que eram os alicerces da mini-liga.

Um dos capítulos mais "negros" do FFA e da Mini-Liga teve como epicentro os confrontos no jogo Inter Coimbrões vs Amigos FC. Na tua opinião, descreve-nos como a situação de despoletou e o porquê de ter contributo, em parte, para o final anunciado do Futsal Amador?

 

P. N.: Esta foi a situação, quanto a mim, mais negra dos AMIGOS FUTSAL CLUBE, não por ter sido algo de muito grave (que não foi), mas por tudo o que se seguiu posteriormente a este acontecimento. Jogava-se a 1ª jornada da mini-liga época 2009/2010 e quis o sorteio que fossemos a casa do campeão Inter de Coimbrões. Estava a ser um jogo duro mas leal, com muita luta e emoção e na altura dos acontecimentos estava 3-3. Quando faltava, penso eu, cerca de 8 minutos para o fim e no espaço de 2 minutos acontecem 4 situações que despoletaram toda a polémica. Passo a explicar: um nosso jogador numa disputa de bola entra fora de tempo, mas sem maldade a um jogador do Inter e pede-lhe desculpa. No lance imediatamente a seguir o nosso mesmo jogador torna a ter uma entrada fora de tempo ao mesmo jogador do Inter, mas desta vez o lance continuou e quando o nosso jogador tem em sua posse a bola leva um encontrão do mesmo jogador do Inter. Criou-se logo ali, entre os dois um atrito tão comum no futsal e na tentativa de que aquilo acabasse logo ali vieram jogadores das duas equipas tentar por termo a essa situação. Em consequência disto os 2 jogadores foram expulsos, decisão que não teve qualquer discussão. O jogo é retomado e logo nesse lance há uma entrada mais ríspida de um jogador, que por acaso até está na Superfutsal, a um nosso jogador e mais uma vez os ânimos aqueceram, mas acto continuo ficou sanado. Eu como capitão de uma equipa juntamente com o capitão do Inter decidimos para bem das duas equipas, no intuito de estragar as excelentes relações que tínhamos a ainda temos com o Inter de acabar logo ali com o jogo. Isto é, decidimos proteger a nossa amizade em detrimento de um resultado desportivo.

Infelizmente, o que passou para fora foi um exagerar daquilo que se tinha passado no pavilhão e como diz o ditado popular: quem conta um conto acrescenta um ponto, passado uns dias o que se ouvia dizer era que nesse jogo teria decorrido a 3ª guerra mundial. O que penso que se passou aqui é que a administração do FFA, quis usar a nossa reputação, reconhecimento e o facto de nos considerarem um dos grandes nomes do FFA para usar como exemplo, perante as novas equipas que surgiam quase todos os dias e para “esconder” outras situações que nunca vieram a público e das quais eu tenho conhecimento. Foi este acontecimento e o facto de nos terem aplicado um castigo que nos fez afastar um pouco do FFA. Mas uma coisa é certa, o FFA tal como o conhecemos no inicio e que era fantástico acabou, mas o movimento do futsal amador nunca irá cair e no que depender de nós irá ser ainda maior e mais forte, pois felizmente ainda há muita gente válida e que muito faz pelo futsal amador.

No actual panorama dos Amigos FC, qual a tua perspectiva relativamente à inclusão na liga Superfutsal? E sobre essa inclusão, que mais valias trouxe para os Amigos FC?

 

P. N.: Quanto a mim, a inclusão na Liga Superfutsal foi bastante benéfico para a nossa equipa, visto que fomos encontrar uma estrutura que apesar de não ser perfeita não fica a dever nada ás competições federadas. É uma liga bastante competitiva, recheada de bons valores e pessoas com vontade de tornar a Liga Superfutsal ainda melhor. Relativamente ás mais valias que a Liga trouxe para os Amigos FC, penso que nos tornou mais competitivos, pois como um dos responsáveis tentamos trazer para a nossa equipa atletas de grande qualidade mas que ao mesmo tempo fossem ao encontro daquilo que é a filosofia da nossa equipa. Por vezes é difícil encontrar esse equilíbrio entre qualidade/mentalidade dentro dos nossos atletas, mas para encontrar esse mesmo equilíbrio contamos com a experiência do nosso Mister Aurélio. Aproveito desde já para publicamente enaltecer o bom trabalho que o nosso Mister está a desenvolver.

Com a nossa inclusão na Liga Superfutsal conseguimos também engrandecer o nosso nome sendo hoje uma das equipas mais temidas e mais respeitadas no panorama do futsal amador o que para mim é um grande motivo de orgulho e espero que assim continue por muitos anos. 

Sobre a tua influência no plantel dos Amigos FC, que sentimento te desperta quando observas o respeito e “carinho” que a equipa tem pela tua figura? Refiro-me por exemplo, ao teu cântico, entre outros…

P. N.: É natural que, sendo um dos fundadores tenha uma influência muito grande em tudo o que se passa dentro dos Amigos FC e penso que ao longo destes anos consegui o respeito de todos os que por aqui passaram e também pelos que cá estão devido ao facto de também os ter sempre respeitado. Lógico que tive divergências com algumas pessoas mas são coisas perfeitamente normais, divergências essas que sempre foram resolvidas com diplomacia. Estaria a mentir se dissesse que é algo á qual não dou importância, mas é lógico que fico feliz por ter o respeito de todos e de ser alguém que estará para sempre na história dos AMIGOS FC, que deixará um grande legado e ser o único a ter um cântico (um cântico para me dar tanga, mas tudo bem)! Apesar de já não ter as capacidades que tinha á alguns anos, sei que continuo com a mesma alegria em jogar e espero ainda dar muito mais á equipa e de continuar a ter o respeito de todos, assim como todos terão o meu respeito.

Em relação às tuas palavras sobre o Mister Aurélio, pode ser interpretado por muitas pessoas que essas palavras guardam segundas intenções. Estás a dar “graxa” para teres um lugar garantido na equipa titular?

 

P.N.: Achas mesmo? Não preciso de dar “graxa” a ninguém e nunca precisei. Se jogo é porque tenho valor para jogar, assim como todos os atletas dos Amigos FC. Aliás, antes era titular indiscutível e agora com a teoria vanguardista do Mister, que põe de inicio a equipa B para depois lançar as pseudo-vedetas, continuo a titular pois ele considera-me pertença da equipa B!

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